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festival do rio

10/10/2017

19h

De Rodrigo para Luca

Rodrigo Teixeira deu festa na Gávea em homenagem ao diretor Luca Guadagnino. O diretor italiano veio ao Rio para participar da  première do seu novo filme, “Me Chame pelo Seu Nome”, no Festival do Rio. O filme se passa na década de 80, no Norte da Itália. Elio Perlman, um jovem ítalo-americano de 17 anos, passa seus dias na vila de sua família, um antigo casarão do século XVII. Seus dias são repletos de composições ao piano e flertes com sua amiga Marzia. Um dia, Oliver, um charmoso homem de 24 anos, chega para ajudar o pai de Elio em sua pesquisa sobre cultura greco-romana. Sob o sol do verão italiano, Elio e Oliver descobrem a beleza do despertar de novos desejos que irão mudar as suas vidas para sempre. Exibido no Sundance Film Festival e na mostra Panorama do Festival de Berlim, 2017.

Fotos de Mariana Vianna

Piripkura

Longa-metragem traz a história de dois indígenas nômades que sobrevivem em em seu território, cercados por fazendas e madeireiros. Fotos: Cristina Granato

O documentário Piripkura, dirigido por Mariana Oliva, Renata Terra e Bruno Jorge, estreou no Festival do Rio, na Première Brasil, e contou com presenças de representantes de movimentos que atuam pelo reconhecimento e defesa dos direitos dos povos indígenas.

Pakyî e Tamandua são dois indígenas nômades, do povo Piripkura, que vivem com um facão, um machado cego e uma tocha, e sobrevivem cercados por fazendas e madeireiros numa área protegida no meio da floresta amazônica. O documentário apresenta as expedições periódicas de Jair Condor, coordenador da FUNAI que acompanha Pakyî e Tamandua desde 1989.  Rita, a terceira sobrevivente Piripkura que se tem notícia, embarca com Jair em algumas expedições para  monitorar vestígios que comprovem a presença deles na floresta e, assim, garantir a proteção do território habitado por eles. Piripkura aborda as consequências de uma tragédia e revela a força, resiliência e autonomia daqueles que foram expostos a todo tipo de ameaças e têm resistido ao contato.

Severina

A vida de um livreiro, melancólico e aspirante a escritor, é abalada pelas aparições e desaparições de sua nova musa que rouba na sua livraria. Logo, ele descobre que ela rouba nas livrarias de outros livreiros também. Fotos: Cristina Granato

Produzido por Rodrigo Teixeira (RT Features), ‘Severina’, segundo longa-metragem dirigido por Felipe Hirsch, teve sua primeira exibição no Brasil, no Festival do Rio. Também assinado por Hirsch, o roteiro é baseado no original do escritor guatemalteco Rodrigo Rey Rosa, e começou a ser produzido durante a criação de ‘Puzzle’, projeto teatral realizado especialmente para a Feira de Livro de Frankfurt (Alemanha), em 2013. Totalmente rodado no Uruguai, o filme tem no elenco os atores Javier Drolas, Carla Quevedo, Alejandro Awada, Alfredo Castro e Daniel Hendler, e teve sua première mundial no festival de Locarno, na Suiça, em agosto.

 

O filme conta a vida de um livreiro, melancólico e aspirante a escritor, que é abalada pelas aparições e desaparições de sua nova musa que rouba na sua livraria. Logo, ele descobre que ela rouba nas livrarias de outros livreiros também. Então, ele começa a viver um delírio amoroso, na fronteira entre a ficção e a realidade. No entanto, quanto mais se aproxima dela, mais indescritível ela se torna:  Por que ela rouba e quais são seus valores? Quem é o homem mais velho com quem ela mora?  O que é verdadeiro ou apócrifo nessa história? E, além disso, ele enfim conseguirá ocupar um lugar na vida dela, ao mesmo tempo em que se afasta de sua própria vida?

Os Magníficos

Fotos: Cristina Granato

Por Domingos de Oliveira

Um grupo de atores se reuniu numa festa e marcou outra. Eles eram oito. Famosíssimos, interessantíssimos e dispostíssimos a passar o dia juntos e conversar até o entardecer sobre esse assunto misterioso e controverso, que é a alma do ator. Assim foi feito, numa sala da casa de um deles, que dava para um mar imenso. Foi divertidíssimo e surpreendente. Tento explicar, mas antes digo o nome dos atores, em ordem alfabética:

Alexandre Nero, Carolina Dieckmann,

Eduardo Moscovis, Fernanda Torres,

Maria Ribeiro, Mateus Solano, Sophie Charlotte, Wagner Moura.

 

Não eram atores quaisquer. Quando olhei a lista acima, me espantei. Eram os melhores atores da sua geração. Diferentíssimos, mas os melhores. O simples ato de coloca-los todos em uma imagem só, justificava o projeto de filmagem, um documentário sobre o ator e o seu complexo funcionamento interno. No início do filme aparece com maior destaque uma frase:

“ESTE DOCUMENTÁRIO FOI FEITO EXCLUSIVAMENTE PARA ATORES E AQUELES QUE SE INTERESSAM PELO SEU PROCESSO INTERNO.”

Pensado isso, lancei meu trabalho. Nunca tinha feito um documentário. E já devia ter feito algum. Porque o meu maior prazer, em meus filmes de ficção, é exatamente o embate da realidade, que sempre obriga a desfazer as formas preconcebidas. Ora bolas, um documentário é só o embate com a realidade.

 

Convidei os meus dois assistentes prediletos, a atriz Priscilla Rozenbaum e o diretor Matheus Souza, e fizemos um roteiro pequeno, mas que pudesse guiar nosso dia de filmagem.  Espalhamos garrafas de boa bebida e chamamos dois fotógrafos espertíssimos, Fernando Young (chamado pelos amigos de Thor) e Manuel Aguas.

 

Propusemos aos atores o roteirinho. Pensem bem: oito cabeças brilhantes. Portanto, ninguém concordava com tudo. Todos queriam começar a filmar, eu também. Então retiramos o roteiro. Deixamos sobre as mesas apenas alguns poemas e anedotas. As duas câmeras ficaram ligadas o tempo todo.

 

Ninguém esperou o almoço para começar o uísque e as filosofias sobre o mais belo sonho do homem, que é o Teatro. Era muito engraçado, que todos tinham senso de humor e algumas ideias brilhantes foram ditas talvez sem querer. Era como no teatro, num trabalho de grupo, uma conversa agradável, sem barreiras, de coração aberto, mostrando ao público uma coisa que nunca viram.

 

Resultaram doze horas de material filmado, bastante caótico, mas sempre charmoso. Eu não sabia onde aquilo ia dar, mas pretendia alto: um curta-metragem para o Festival do Rio. No calor da edição, fomos surpreendidos. Quando vimos, o editor (Victor) e eu, tínhamos 50 minutos montados. Mais longe de um curta do que de um documentário de longa metragem, que não era genial, mas tinha momentos de uma inesperada emoção.

 

Editei como se fosse Godard, exagerando na liberdade. Teríamos lugar no proximíssimo Festival do Rio? Talvez na mostra não-competitiva, hors concour. Foi exatamente onde o festival nos colocou: “tudo o que é divino é sem esforço”, diziam os gregos.

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